segunda-feira, 8 de junho de 2015

Os atropelamentos de animais custan máis de cem milhões de euros ao ano na Espanha.

Pela primeira vez um estudo calculou quanto custam aos espanhóis os atropelamentos de fauna selvagem: a cifra ascende a 105 milhões de euros ao ano, o que supõe quase 16 euros por pessoa. Os animais que mais custos acarretam são os de caça, segundo a investigação da Universidad Complutense de Madrid.

Entre 2006 e 2012 produziram-se na Espanha 74.600 colisões de veículos contra animales selvagens, o que representa um 8,9% do total de acidentes de tráfico registados nesse período. Isto supôs um custo de 105 milhões de euros ao ano, tal e como revela um estudo pioneiro realizado por investigadores da Universidad Complutense de Madrid (UCM).

Este valor inclui os custos relativos às vítimas, como os gastos da ambulância, hospitalização, perda de capacidades produtivas ou  adaptação do domicílio. Também os custos materiais, com danos de veículos, pavimentos, gastos de polícia e bombeiros, e os custos de valor social calculado para cada animal morto.
Os atropelamentos de fauna selvagen causaram 38 falecidos na Espanha entre 2006 e 2012
Foto: LaRegion.es

“Há outras partidas, como a perda da diversidade genética ou a afeição dos seres queridos, quando há vítimas humanas, que não é possível calcularem”, afirma Antonio Sáenz de Santa María, investigador do departamento de Zoología e Antropologia Física da UCM e autor principal do estudo, publicado no European Journal of Wildlife Research.

Estes custos são independentes das indemnizações das companhias de seguros. Como média, o gasto per capita é de 15,91 euros, uma cifra que ascende nas províncias do norte da Espanha, onde acontecem a maior parte dos acidentes deste tipo. Em Soria o custo por pessoa é de 438,32 euros ao ano; em Burgos, de 203,43 euros; e em Zamora, de 177,71 euros.

A partir de dados facilitados pelas comunidades autónomas –dos que tiveram conhecimento através da Guardia Civil, os Mossos d’Esquadra e a Ertzaintza– o estudo revela que os ungulados protagonizaram o 85% dos acidentes, entre os que destacam os javalis e corças, num 79% destes casos. Seguem em importância, com um 5%, carnívoros grandes e médios como a raposa, o texugo e o lobo e, de forma mais excepcional, o urso pardo e o lince.

“Cremos demonstrado que os animais que mais custos sociais ocasionam são animais de caça, ao não estar encerrados em fincas cinegéticas cercadas senão em terrenos de caça abertos”, afirma o investigador. Segundo os autores, estes acidentes seriam um custo colateral da indústria de caça.

Maior risco no Norte

O risco de sofrer um acidente deste tipo aumenta nas províncias do Norte da Espanha. Em Soria, do total de sinistros anuais, o 51% se corresponde a atropelos de animais, e em Burgos a cifra atinge o 41%, seguida de Palencia, com um 36% dos casos e Zamora, com um 35%.

“Os deslocamentos por estradas estreitas destas regiões montanhosas, arborizadas, despovoadas, ao entardecer ou ao amanhecer, incrementam o risco de acidente de tráfico entre um 30% e um 50% com respeito a províncias planas, povoadas e despejadas”, compara Sáenz de Santa María.

Ainda que animais de pequeno tamanho como lebres, coelhos e pássaros só representam o 10% dos acidentes notificados, a envergadura dos danos que causam é tão importante como a ocasionada por grandes espécies.

“A gravidade do acidente não depende em absoluto do tamanho corporal do exemplar atropelado”, sublinha o experiente. Por exemplo, dar uma guinada ante um coelho na estrada que se salda com três feridos graves custaria 700.000 euros segundo o custo económico da Direcção-Geral de Viação Espanhola (DGT).

Como consequência destes sinistros, entre 2006 e 2012 teve 2.911 vítimas humanas, a maior parte delas, 2.612, feridos leves. Os lesionados graves foram 261 e faleceram 38 pessoas, o que supõe um 0,22% do total de mortes por acidentes de tráfico nesse período.

Tendo em conta os dados deste estudo, os especialistas propõem definir zonas de máximo risco para diminuir a cifra de atropelamentos. Na sua opinião, o cercado perimetral não é uma boa solução, pelos problemas ambientais que podem trazer consigo, mas sim seria detectar pontos críticos e aplicar neles medidas como advertências ao condutor ou uma redução da velocidade.

Referência bibliográfica: Antonio Sáenz-de-Santa-María, José L. Tellería. “Wildlife-vehicle collisions in Spain", European Journal of Wildlife Research, 61 (3), Junho de 2015. DOI: 10.1007/s10344-015-0907-7.

Fonte: Oficina de Transferencia de Resultados de Investigación – Universidad Complutense de Madrid

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